Ataque do Boko Haram faz mais vítimas na Nigéria

por Joás Inacio Vieira - Publicado em 29 de julho de 2019

Um primeiro balanço divulgado no sábado indicava que o ataque deixou 23 mortos, mas dezenas de corpos foram depois descobertos, numa aldeia próxima da capital do estado de Borno, Maiduguri.

Fonte: AFP | REUTERS | Portas Abertas – texto: Joás Inacio | 29/07/2019 – 14:00

Um ataque do grupo ‘jihadista’ Boko Haram no sábado (27.07.2019) a um grupo de homens que regressava de uma cerimônia fúnebre no nordeste da Nigéria, fez 65 mortos, declarou hoje um responsável local.

Um primeiro balanço divulgado no sábado indicava que o ataque deixou 23 mortos, mas dezenas de corpos foram depois descobertos, numa aldeia próxima da capital do estado de Borno, Maiduguri.

“Há 65 mortos e 10 feridos”, declarou Muhammed Bulama, chefe do governo local.
Vinte e três pessoas foram mortas no ataque aos participantes na cerimônia fúnebre e 42 outras quando tentavam perseguir os ‘jihadistas’, disse à AFP Bunu Bukar Mustapha, dirigente de uma milícia local que combate o Boko Haram, confirmando o balanço de vítimas.

O Boko Haram tem estado ativo nesta região onde frequentemente ataca aldeias.

Segundo Bulama, o ataque de sábado foi uma operação de represália, depois da morte de 11 combatentes do grupo e apreensão de armas pelos habitantes há duas semanas, quando o Boko Haram se tinha aproximado da aldeia.

Quem é o Boko Haram?

Um Grupo militante islâmico que luta para derrubar o governo e criar um estado islâmico.
Promove uma versão do islamismo que torna proibido para muçulmanos tomar parte em qualquer atividade política ou social associada com o Ocidente. Isso inclui votar em eleições, restrições de vestuário ou receber uma educação secular.

O Boko Haram considera o estado nigeriano controlado por descrentes e tem estendido sua campanha militar alvejando estados vizinhos.
O nome oficial do grupo é Jamaatu Ahlis Sunna Liddaawati wal-Jihad, que em árabe significa “Pessoas comprometidas em propagar os ensinamentos do profeta e a Jihad”.
Porém, moradores da cidade nigeriana de Maiduguri, onde o grupo tem sua sede, os apelidaram de Boko Haram, que traduzido de forma livre significa: “a educação do Ocidente é proibida”.

Desde que partes do que agora é o nordeste da Nigéria, Níger e sudeste de Camarões, estiveram sob controle britânico, em 1903, houve resistência entre alguns muçulmanos da área quanto a educação ocidental.
Muitos recusavam enviar os filhos para as “escolas ocidentais”, dirigidas pelo governo.
Contra esse cenário, o clérigo muçulmano, Mohammed Yusuf, formou o Boko Haram em Maiduguri, no ano de 2002.
Ele criou um complexo religioso, que inclui uma mesquita e uma escola islâmica.

Muitas famílias muçulmanas pobres de toda a Nigéria e de países vizinhos matricularam seus filhos na escola.
Mas, o grupo não estava apenas interessado na educação.
Sua meta política era criar um estado islâmico e tornar a escola um campo de recrutamento para jihadistas, militantes da guerra islâmica.

A perseguição dos radicais islâmicos aos cristãos na Nigéria

A Nigéria é um gigante na África repleto de problemas complicados. Devido ao seu tamanho e recursos humanos e naturais, tem potencial para ser uma força enorme no continente.
No entanto, a instabilidade política, a insegurança e a corrupção desenfreada que caracterizaram o país durante décadas ainda persistem e enfraquecem a Nigéria consideravelmente.
A perseguição aos cristãos nigerianos se mantém em um nível muito alto.

Meninas e mulheres com frequência são sequestradas e sujeitas a assédio e violência sexual.
Essa tem sido uma prática comum de grupos radicais islâmicos.
Muitas são forçadas a se casar com não cristãos.
O fato de no país existirem leis que permitem casamento de menores em alguns estados, assim como a existência de normas culturais e religiosas que desencorajam meninas a irem à escola, apenas amplificam o problema.

A perseguição de mulheres e meninas tem um efeito negativo nas igrejas e famílias cristãs.
Além das grandes consequências emocionais e o custo social de tal perseguição, em algumas comunidades onde viúvas são as provedoras da família, isso também afeta o bem-estar econômico da comunidade.

Já homens e garotos cristãos são alvos com frequência, especialmente no nordeste do país, onde o Boko Haram atua.
Muitos são atacados, sequestrados e forçados a se unir a grupos militantes.
Tais ataques têm efeitos devastadores nas igrejas e famílias cristãs.

A insurreição do Boko Haram no nordeste da Nigéria e a sua repressão já fizeram mais de 27.000 mortos e mais de dois milhões de deslocados em 10 anos.