Mãos dadas

por Joás Inacio Vieira - Publicado em 22 de agosto de 2016

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m janeiro de 2010, um forte terremoto abalou o Haiti e fez mais de 250 mil mortos e um milhão de desabrigados.
Em meio a esse cenário de total desespero, surgiu a MAIS (Missão em Apoio à Igreja Sofredora), movida pelo ardente desejo e (claro) chamado de Deus para responder à tragédia e ajudar a igreja haitiana.  Além do socorro aos nossos irmãos vítimas de catástrofes naturais, a atuação da MAIS se desenvolveu de forma a buscar ações que fortaleçam também a igreja em lugares onde exista situação de guerra ou perseguição religiosa.  No Haiti, as ações começaram com a distribuição de água potável e alimentos e se desenvolveram em um auxílio pós-trauma.  A partir de então, a organização, por meio de sua liderança e equipe em campo, percebeu a necessidade de se envolver além de um auxílio financeiro ou com alimento e água, mas a partir do treinamento da igreja local, de forma que essa se tornasse o agente transformador de sua sociedade. Foi neste momento que o desenvolvimento comunitário passou a ser uma das principais ferramentas da MAIS, tendo na Escola de Desenvolvimento Comunitário e Programa de Microcrédito seus principais instrumentos.
IMG_6180Em 2013, nos vimos diante de um novo desafio. A procura por refúgio no Brasil aumentou por conta dos cristãos perseguidos na Síria. Os irmãos que procurávamos fortalecer em seu país precisaram de uma nova casa e, apesar do tamanho do desafio inédito, a MAIS montou uma estrutura básica para receber estas famílias. Desde então, mais de 40 famílias já passaram por nossa organização a caminho de um novo começo no país.   Após recebê-las, o processo de auxílio passa pela equipe do Programa de Refugiados, que busca igrejas parceiras que possam acolher e acompanhar os refugiados em diferentes estados e denominações no país. Foi nessa época que compreendemos a necessidade de preparar jovens vocacionados a serem uma resposta a esse mundo, utilizando-se da ferramenta do desenvolvimento comunitário somado ao poder e mover do Espírito Santo de Deus.
Nesse primeiro semestre de 2016 tem início a 5ª turma do Centro de Treinamento da MAIS (CTMAIS), por onde já passaram pouco mais de 100 obreiros, alguns levando as boas novas do Reino a diferentes partes do mundo e outros fazendo a diferença em suas próprias comunidades.  De uma base no Haiti e um pequeno escritório no Brasil, passamos a realizar projetos no Sudão, Burundi e Turcomenistão. Tivemos ações emergenciais no Japão e na Palestina e atualmente já estamos com bases operacionais na Colômbia, Guiné-Bissau, Uganda, Itália, Oriente Médio, Ásia Central, Nepal e Sudeste Asiático, além da sede nacional em Colombo, no Paraná, e um trabalho compartilhado com outra organização cristã no sertão do Piauí.

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Centenas de sorrisosFRAME_REVISTA
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organização já conta com mais de 70 obreiros brasileiros e nativos, além dos filhos desses missionários. Antes de implantar uma nova base no campo, nossos missionários realizam incursões e buscam aproximação com igrejas e líderes locais a fim de conhecer as necessidades e potencialidades da região. Este trabalho de diagnóstico comunitário continua sendo aperfeiçoado com a instalação da base e passa a nortear as ações na região. Enquanto trabalham pela implementação dos projetos ou dão suporte a iniciativas locais, nossos missionários caminham lado a lado de obreiros nativos, a fim de prepará-los para dar continuidade à transformação de sua própria realidade.  A Tailândia, por exemplo, é um país onde mais de 90% da população é budista. Lá, temos dois obreiros nativos em treinamento.  Enquanto aprendem a difícil língua nativa, nossos missionários discipulam jovens cristãos e oferecem aulas de inglês a crianças e adolescentes de um orfanato cristão. A visão de desenvolvimento comunitário se utiliza de pequenos ou grandes projetos que visam restaurar a dignidade de homens, mulheres e crianças — criados à imagem e semelhança do Pai.  Por isso, toda a equipe, seja fora ou dentro do Brasil, se empenha nesse chamado de lutar pela fé evangélica (Filipenses 1:27), que sofre pressões e dificuldades nas quais, na maioria das vezes, sequer conseguimos imaginar em nosso contexto.  É com esse chamado em mente que demos nosso próximo passo como organização.

Milhares e milhares de quilômetros

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iver as promessas de Deus demanda esforço e dedicação. Foi assim com o povo de Israel, que teve que lutar e trabalhar para desfrutar da terra prometida. Também tem sido assim conosco: começamos o ano de 2016 vendo um sonho se transformar em realidade, ao mudarmos o endereço de nosso escritório nacional de Vila Velha, no Espírito Santo, para Colombo, região da Grande Curitiba, no Paraná.  A benção veio em forma de um terreno de 250 mil m2.  Em dezembro, foi enviada a mudança com eletrodomésticos, mobília, caixas e malas com material de escritório e itens pessoais de nossa equipe.  Assim, vamos poder abrigar nossa sede mundial e as outras atividades que acontecem em nossa base.  A primeira etapa consiste nas reformas necessárias para podermos realizar as aulas do Centro de Treinamento e a ampliação de nosso projeto com refugiados. Ao todo, 13 voluntários já passaram pela nova sede da MAIS, colaborando diretamente na obra e construções.  Vieram da Bahia, Espírito Santo, Maranhão, Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo e deixaram sua marca e suor nesta história que começou a ser escrita. Dentro desse terreno, 150 mil m2 serão destinados à construção da Cidade de Refúgio, que receberá refugiados de diferentes partes do mundo, podendo realizar um trabalho mais específico e terapêutico com essas pessoas. Estamos construindo chalés para as famílias, creche, um centro comunitário para aprendizado de língua e cultura, além de áreas para desenvolvimento de piscicultura e estufas para floricultura onde os refugiados poderão se envolver nos trabalhos dessas atividades.  Esse era um motivo de oração frequente entre nós, a possibilidade de oferecer melhor estrutura a famílias refugiadas que sofrem por causa de guerras ou perseguições e termos todas essas estruturas e escritório em um único local.  Nos últimos três anos, em parceria com igrejas de todo o Brasil, acolhemos aproximadamente 200 refugiados.  Acreditamos que essa é uma nova fase, um novo tempo, e tempo de sonhar.   Sonhar mais alto e sonhos maiores, à medida que Deus nos concede respostas e revela caminhos.  O Deus que gera o sonho nos corações é o mesmo que envia a provisão.
A construção da Cidade de Refúgio não sairia do papel sem o compromisso e comprometimento de nossos parceiros na causa da igreja sofredora.  Com recursos enviados, a busca de oportunidades de mobilização, um treinamento voltado para missões ou mesmo o poderoso ato de fechar os olhos e interceder permite que, passo a passo, o sonho ganhe forma e contornos.  Afinal, a obra do Pai é realizada por seus filhos, que também atuam como seus servos.
É com esse espírito que somos gratos pelos irmãos e parceiros de caminhada, por tudo o que representam na vida da MAIS.  A parceria com o Projeto Semeadores é uma que toca nosso coração, justamente por ousar ser a resposta a uma igreja que sofre, todos os dias. Com alegria louvamos a Deus pela existência desse projeto.
Somos privilegiados em caminharmos juntos.  Alguns desafios se tornaram vitórias que hoje podemos contar para a glória de Deus.  Outros, novos, estão sendo encarados de frente com muita oração. Sabemos também que muitos desafios que nem imaginamos ainda virão.  Mas estamos certos que, juntos, podemos superá-los, com o cuidado e direcionamento de Deus.